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quarta-feira, 3 de julho de 2013

Doutrinação ou instrução? O que há em nossas escolas?


Tenho refletido bastante sobre certas coisas que me parecem confusas. Minha formação academica e pessoal anda longe dos que elaboram, interpretam e fazem cumprir as leis, mas como cidadã que sou, há coisas que gostaria que alguém me explicasse. Vamos ao meu questionamento: Qual o papel do Estado e das diversas instituições no processo de desenvolvimento social, afetivo e moral de nossas familias? Este papel tem algum limite na atual conjuntura e tendencia ideologica?

Talvez você pense que este é um tema de pouca importancia, especialmente por ser este um blog sobre maternidade, mas há temas como esse, que têm um teor politico, mas interferem diretamente no nosso direito de criar nossos filhos dentro da gama de valores que desejamos, ou melhor, dentro de nossas convicções como pais.

Uma das coisas que me incomoda fortemente é que cada dia mais as instituições sociais, através de suas organizações, têm invadido o espaço familiar produzindo uma sociedade que esmaga as diferenças e singularidades na educação de nossas crianças em nome de uma atitude protetiva. Deixe-me explicar o que tento expressar. Hoje, no tempo do politicamente correto, nossos filhos são instruídos sobre a vida, nas escolas por exemplo, a partir de escolhas ideológicas que desconhecemos.   O professor que se diz mediador, não é um mediador que respeita e ensina seus alunos a respeitarem os principios que as crianças trazem de casa, desde que não causem males à integridade propria e do outro. São pregadores entusiasmados de suas ideologias importadas, muitas vezes sem uma leitura apurada sobre o assunto e que jogam no ostracismo aqueles que vivem sobre uma diferente forma ou padrão. Mediação, se torna muitas vezes desculpa para coisas que fariam Piaget e Vygotsky estremecerem em suas catacumbas se isso fosse possivel. O pior é que essa gente nunca leu sequer um livro de tais autores mas os assume como fonte de inspiração e apoio para suas sandices intelectualoides. Até os livros escolares são muitas vezes escolhidos sobre um prisma reprodutor de uma ideologia politica sobre a qual imperou a ideologia do planejador e não uma escolha ampla e instrutiva.

No tempo em que ensinei em uma universidade pública, era constantemente interpelada por meus alunos que pontuavam minha atitude de tentar abordar as temàticas propostas nas disciplinas respeitando as diferentes visões teóricas sobre o assunto, sem doutrinar meus lunos nesta ou naquela teoria. Quando faltava-me competencia, corria atrás de um convidado. Não, não estou falando de neutralidade. Estou falando de não trocar um papel instrutivo por um doutrinário. Se há na escola de meu filho uma escolha filosofica, quero saber qual é!!! Que diversidade é essa conseguida na marra da doutrinação! O pior é que o que estou chamando de doutrinação é muitas vezes resultante de uma postura quase dogmática de alguém que sequer se deu ao trabalho de conhecer a fundo as idéias que defende. São criticos do cristianismo que sequer conhecem as divisões e diferentes visões históricas que certos grupos têm, mesmo estando sobre a mesma nomenclatura ou que sequer conhecem as ferramentas contextuais que permitem uma leitura histórica deste ou aquele movimento. São Paulofreireanos que sequer leram as obras de Paulo Freire pra poderem se posicionar. São humanistas, socialistas, e todos os istas...mas apenas repetem palavras e frases de efeito vindas de leituras terceirizadas, sem a menor responsabilidade com seus interlocutores e selecionando chavões de sua cultura de leitura fastfood. Obviamente, que se você se matricula ou matricula seu filho num ambiente que define um perfil filosofico ou que mesmo se intitula uma instituição fiel a uma crença, tudo bem! Se voce vai estudar num seminário católico, você inevitavelmente escolheu uma educação dogmática, que não lhe impedirá de pensar, mas partirá da premissa de que você entende que há pressupostos previamente assumidos.

Um outro aspecto sobre o qual gostaria de comentar é essa idéia de esvaziar nossas casas, enquanto espaços de desenvolvimento de pessoas. Hoje, tudo tem que ser ensinado fora do lar, sem que haja uma discussão previa com os pais ou mesmo um entendimento e discussão que defina qual o papel da familia e das instituições sociais.  Mais uma vez, tudo parece muito inviezado em direções politicamente definidas. As escolas que cada dia mais cedo querem promover educação sexual e não entendem, por exemplo, que isto não é ensino de soma ou subtração. Há, em nossa sociedade, diferentes matrizes morais e culturais que precisam ser respeitadas. Eu por exemplo, não quero que meu filho aprenda que uma relação sexual é como comer uma maça, em que você sacia um desejo ou vontade e desde que não adoeça fisicamente está tudo bem. Não quero também que a fé abraçada por minha familia seja desrespeitada porque o professor A,B ou C resolveu assediar moralmente o meu filho em nome do imperio de sua opinião....oi Freirianos...isso é educação bancaria?! Isso é libertar da opressão ou é impor a crianças e adolescentes em formação uma forma pessoal de ver a vida?! Olha os famosos opressores debaixo dos vossos narizes!!!

Não estou dizendo que um professor não possa dar sua opinião sobre temas, mas que não use a sala de aula pra trocar educação por doutrinação. Se querem doutrinar pessoas abram suas igrejas pessoais e apregoem na porta seus dogmas. Pelo menos quem entrar lá, se tiver a possibilidade do entendimento da vossa fala atravessada de termos próprios terá a condição de decidir se quer abraçar a fé que pregais!

5 comentários:

  1. Parabéns Dra. Ana Claudia pela excelente abordagem, bom seria que os nossos legisladores, legislassem sem o prisma de suas visões muitas das vezes equivocada. Instruir como bem disse a Dra. não é doutrinar, a Bíblia deixa claro: "Instrui o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele. Pv. 22.6. A instrução deve ser sempre responsabilidade dos pais, professores, porém a decisão será sempre do aluno: até quando envelhecer, não se desviará dele. Mais uma vez parabéns.

    Paulo Avelino

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