Quando a criança passa a o maior tempo em casa, ela é introduzida a muitos elementos da cultura por aqueles que a cercam na rotina familiar. Acredito que muitas mães ensinam os filhos a contar assim que começam a ter um certo domínio do vocabulário cotidiano. Além disto, os números estão presentes em nosso dia-a-dia. Talvez a noção de números seja uma das principais portas de entrada para o universo do conhecimento matemático. Esta, como quase tudo no desenvolvimento, é um processo que leva tempo e passa por diferentes etapas que cada vez mais exigem refinamento da criança em suas estratégias de resolução de problemas e desenvolvimento linguístico e lógico-matemático.
Hoje, eu gostaria de falar um pouco sobre como ocorre o processo a partir do qual a criança se apropria deste universo cheio de novos significados. Bom, uma primeira coisa que a criança aprende, como dissemos anteriormente, é a contar. Muitos pais ficam contentes pelo feito do filho memorizar a sequência de números bastante rápido e repetir de forma impecável. No entanto, diferentemente do que muitos de nós pensamos, este não é um sinal ou evidência de que a criança compreendeu o que de fato são números e o uso social que têm. Como muitas coisas que ocorrem nos primeiros dois anos de vida, este é um exercício mnemônico (de memória). Isto não significa que aprender a seqüência de números não seja importante. Este é um primeiro passo, e além disso, é também um exercício importante, pois ao contrário do que pensam aqueles que não querem ouvir falar de memorização na aprendizagem, a memória está na base da maioria das habilidades cognitivas. Saber a sequência de números é importante. Muitas vezes, por não haver um uso dessa informação a criança esquece e por um tempo pode parecer que houve uma regressão na aprendizagem. Na realidade, se isso acontecer é algo normal, pois quando uma informação não é utilizada, ela pode se perder e não ser recuperada quando solicitada. Por isso, é bom sempre relembrar.
Quando a criança aprende a recitar a ordem de números (1,2,3,4, etc.), o próximo passo é que ela reconheça os números pela sua qualidade de enumerar seqüências e representar quantidades. Neste momento é importante introduzir outro tipo de atividade. Contar com ela figuras, objetos, pessoas, apontando e mostrando essa relação entre números e quantidade. A principio, no geral, a criança pode demorar um pouco para associar, mas aos poucos ela poderá compreender tal relação. Neste momento, você pode contar com ela as frutas no supermercado, solicitando quantidades, contar seus brinquedos, contar no calendário os dias que faltam para um evento importante como seu aniversário, etc.
Um outro desafio é ajudar a criança a reconhecer a representação escrita dos números. Aprender os números e associa-los a sua escrita não é algo direto, na maioria dos casos. Neste momento é possível desenhar para a criança os números, reconhece-los junto com ela nos números das casas nas ruas, nas etiquetas de preço no mercado, nas placas dos carros, etc. Muitas vezes a criança vai reconhecer a representação gráfica dos números, mas não será capaz de representar com sua própria mão, pois esta competência dependerá do desenvolvimento da coordenação motora. Outra capacidade que já dá para trabalhar é a classificação de objetos e comparação. Por exemplo, separar figuras de animais que vivem na terra e na agua, contar quantos tem em cada conjunto e até comparar que categoria tem mais, introduzindo a ideia de comparar quantidades.
Depois destas aquisições, a criança, mesmo pequena pode ser introduzida ou iniciada nos conceitos de adição e subtração. Obviamente, isto deve acontecer de forma inicial. Benjamin e eu, por exemplo, estamos no treinamento da coordenação motora e na fase de iniciar pequenos problemas que envolvam adição e subtração. Geralmente, fazemos isso no mercado ou usando os dedos ou desenhos e objetos como apoio concreto. Isto porque estamos falando de crianças pequenas. Vou dar exemplos que podem ser propostos:
Ele está na cozinha esperando que eu comece a fazer um suco de limão para ele. Eu propositadamente pego dois limões e pergunto:
-Benjamin, pra fazer seu suco eu preciso de um limão. Quantos tem aqui na pia
- Tem dois, mamãe.
- Muito bem! Você pode me dizer quantos eu preciso tirar pra ficar só com um limão?
- Tira o outro e fica com esse mamãe.
- Ah, muito bem. Eu tenho um limão, então.
No supermercado:
- Ben, vamos contar as laranjas.
Contamos enquanto colocamos na sacola
- Tem 8 laranjas, mamãe.
- Hum, eu estava pensando quantas ficam se eu colocar mais 3. Vamos ver?
Ele conta:
- 9, 10, 11. Onze mamãe! Ficaram onze.
Obviamente que a ideia é iniciar a criança nos conceitos, para posteriormente introduzir a representação gráfica das continhas de somar e diminuir, ou melhor dito, adição e subtração. Neste momento, a criança que ainda é bastante ligada ao concreto pode precisar usar recursos como desenhos, os dedos ou objetos para auxiliar na atividade. É importante, também, saber a hora de parar para não tornar as atividades uma coisa cansativa. Dá pra fazer de um jeito lúdico. Espero que as dicas sirvam. Use aquilo que seu filho gosta. Não esqueça que nos primeiros anos as crianças precisarão de representações concretas. Use sempre o apoio de objetos, dedos, desenhos, situações práticas, etc.
Um abraço a todas e todos!
Ola querida,
ResponderExcluirmuito bom o comentario sobre a fase concreta da criança valeu, você é demais Dra, e melhor ainda a ideia da horta enquanto você pensa na horta eu penso em orquídeas
parabens pela postagem
Eu sou frustrada com orquideas. Preciso aprender a cuidar delas, pois apesar do meu esforço matei duas. Brijos, mãe!
Excluir