Toda
mudança na vida que é significativa tem a potencialidade de se tornar objeto
promotor de saúde mental ou de adoecimento. Muitos momentos que marcam o desenvolvimento humano são
considerados momentos suscitadores de crises que podem ser chamadas crises
constitutivas. Constitutivas, porque são momentos que se tornam cruciais para o
desenvolvimento daquele individuo.
Na
vida de uma mulher, um desses momentos de bastante relevância emocional, física
e afetiva é a gravidez, o parto e o pós-parto de cada filho. O corpo, a mente e
o espirito de uma mulher se tornarão, inevitavelmente, diferentes depois deste
marcante evento, pois carregarão em si uma historia de uma relação que é não só
biológica porém também afetiva. Isto, inclusive, ocorre de forma diferente em
cada processo, quando temos mais de um filho.
Na
gravidez, muitas mudanças ocorrem. Há toda uma carga de hormônios que preparam
o corpo da mulher para o nascimento de seu filho. Há, também expectativas sobre uma série de coisas
envolvidas na maternidade. Por esta razão, este é um período tão critico na
vida de uma mulher. Ela tem que lidar
com uma série de mudanças que muitas vezes não são suportadas e ainda recebem
todo um acréscimo de fatores
neuropsicológicos e hormonais. Então, este momento propicia o aparecimento de
quadros emocionais diversos podendo tornar-se problemáticas mais graves como a depressão pós-parto que pode
ser brutal para este momento inicial do vinculo mãe-bebe e para a própria
preservação da saúde mental da mãe.
É
muito importante que sinais emocionais que se prolonguem sejam observados. Não
vamos patologizar tudo! É normal ter uma certa instabilidade emocional na
gravidez e durante os primeiros momentos de exercício da maternidade, mas é importante atentar para pensamentos fixos,
apatia generalizada, quadros de ansiedade muito forte, dentre outros.
Talvez
um dos agravantes hoje em dia (não estou falando de causa, mas de fatores que
propiciam o aparecimento de quadros de depressão pós-parto), seja a forma como
nossa sociedade se rege. No tempo de
nossas avós, o período do pós-parto era sabiamente respeitado e a mãe recente
recebia apoio de uma rede familiar de cuidados que se estendia sobre ela. Hoje,
vivemos numa sociedade frenética e muitas vezes a gestante e a mãe recente não
encontra o suporte e apoio emocional necessário e tem que lidar sozinha com as
cobranças sociais sobre os cuidados do recém-nascido, as mudanças na imagem
corporal, a solidão e muitas vezes a exaustão física a que o período de adaptação
nos submetem. Além disso, não é só a mãe que se adapta ao novo filho e nova
rotina, mas a criança também está se adaptando ao novo mundo e a mãe é a porta
de entrada deste processo.
Bom,
resta dizer que nesse tempo é primordial que a
mãe se sinta apoiada e acolhida pelo marido e por pessoas próximas,
mesmo se o quadro de adoecimento já se evidencia, isto ajudará. Não cobrar
muito de si e se entregar a esse novo momento é muito importante. Esta é também
a hora de buscar conforto em Deus e força, pois não é um processo fácil. Se
você não vive este momento e perto de você alguém vive é hora de exercer a
caridade e apoiar, da forma que lhe for possível. Uma noite de sono, uma tarde
com ajuda, uma conversa encorajante, fazem toda a diferença. A solidão nem
sempre é a causa da depressão, mas é o seu principal alimento. Cuidemos uns dos
outros! Perto de você pode haver uma mãe sofrendo por traz de um sorriso. Este
tipo de sofrimento é mais frequente do que pensamos. Se você, mãe em pós-parto, está sofrendo
procure ajuda em Cristo e nos que lhe cercam. Deus sempre tem samaritanos a
beira do nosso caminho.
Imagem:deacondance.com
Nota da blogueira: Este é um texto que escrevi para o jornal AdNews, em sua última edição. Nesta semana das mães postarei textos novos e antigos em que trataremos dos cuidados com as mamães e não com os filhos! Estes são os planos…vamos ver se minha turminha deixa!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário