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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Educação Sexual (Parte 2)


Este post é uma continuação deste outro aqui que fiz sobre uma reportagem que abordava o tema da sexualidade e gravidez na adolescência. Gostaria de tratar o tema dividido em alguns posts pra não cansar meus queridos leitores com um texto muito longo e para alguns enfadonho. Eu acho que, as vezes, nós cristãos estamos nos prendendo em alguns assuntos  recorrentes, embora importantes, e não atentamos para a forma como nossas crianças estão sendo doutrinadas e como assuntos vitais estão sendo tratados com um viés que responde a determinada agenda politica e ideológica.

A questão que quero focar hoje diz respeito a clareza sobre o papel da escola, do estado e dos pais e a forma como isso tem se desdobrado numa serie de encaminhamento que põem os pais como coadjuvantes na educação de seus filhos. Alguns argumentos se destacam como justificativa desta mudança social que tem sido considerada a forma politicamente correta de educação. Desde que as escolas passaram a ser o espaço onde muitas crianças passam o dia, onde aprendem a comer a andar, a escovar os dentes, etc. vemos claramente que esta tem ocupado um espaço cada vez maior na vida de muitas crianças. Por outro lado, a emergência de uma tendencia na educação de tornar a escola menos academicista e mais aplicada ao cotidiano sobre o argumento de criar cidadãos tem cada vez mais ampliado o espaço de ação da escola e da interferência dela em temáticas que antes eram tidas como pertencendo a instrução familiar.

No que diz respeito a certos temas, isto é uma questão muito delicada pois elege-se uma visão de mundo e a partir dela se aborda temáticas sobre os quais existem diversas formas de pensar. A sexualidade humana está no meio deste emaranhado e confusão. Eis os argumentos utilizados comumente para esta    insistência em tratar desse e outros assuntos de uma forma que responde aos valores presentes:


  1. A escola deve ser um espaço para aprender sobre a vida e não de uma formalidade fria e de ensino descontextualizado com as vivencias pessoais.
  2. Sexualidade é um tema que faz parte de muitas das disciplinas escolares, tais como biologia, cidadania, etc.
  3. A escola é um espaço de formação de cidadãos.
  4. Muitas vezes os pais não falam sobre o tema por questões diversas como vergonha, falta de tempo, etc.
  5. A educação sexual na escola pode desconstruir visões de mundo que são reprodutoras de mitos, preconceitos , etc. Ela também pode fornecer ao adolescente uma abertura de visão, oferecendo uma outra compreensão de mundo, para que ao escolher o o adolescente e a criança possa faze-lo tendo diferentes paradigmas para escolher.


Eis alguns contra-argumentos que me parecem importantes:


  1. Contextualizar o ensino requer uma escolha do que estamos chamando de contexto. Ao trazer conteúdos para o dia-a-dia da criança ou adolescente é preciso ter clareza sobre que viés o educador vai fazê-lo. O grande problema na forma como isto tem sido feito é que nas escolas não há respeito pela forma como os pais educam seus filhos em casa. Segundo, antes de ensinar nossos filhos sobre a vida é preciso sabe o que se está definindo como vida e quais os parâmetros que se tem por base. Quando você matricula seu filho numa escola que tem sua matriz ideológica definida, você sabe o que esperar dela (por exemplo: escola cristã, escola ateísta, etc.) e mesmo assim o diálogo com os pais não é dispensável, mas quando não há clareza sobre isto há uma atitude autoritarista (não de autoridade) de impor uma determinada forma de pensar sobre o tema baseado nas convicções do educador e/ou instituição. É possível contextualizar, mas em temas como sexualidade, fé,  papéis familiares é preciso entender que há um limite claro que deve ser respeitado, não sendo assim o que temos é doutrinação ideológica.
  2. É sabido que a sexualidade humana tem o seu caráter biológico, por exemplo. Geralmente, temas  são multifacetados. No entanto, é preciso que exista um limite claro entre o que é conteúdo acadêmico e o que é parte do direito do aluno e seus pais de escolherem a forma de pensar a sexualidade como comportamento humano, por exemplo. Se se quer tratar o tema porque questões emergem por parte dos alunos, porque não convidar para o debate pessoas que têm uma outra forma de pensar e tratá-las com o mesmo respeito daquelas que representam uma visão de sexualidade dominante em nossa sociedade? A questão é que em muitas escolas não há clareza, nem se abre uma ampla discussão com os pais sobre a forma como certos temas vão ser abordados. Tive um aluno na universidade que era pastor e me contou que a escola de sua filha levou uma ativista do movimento feminista para falar sobre a sexualidade e o corpo feminino. Quando ele foi à escola (pública, diga-se de passagem) reclamar, lhe disseram que a escola deveria estar aberta a diferentes formas de pensar. Ele, prontamente, se ofereceu para vir junto com uma genecologista cristã contribuir com aquilo que estava sendo chamado de ampliação de horizontes. Até hoje ele espera o retorno da escola.
  3. A escola é um espaço de produção de cidadãos? Pra mim, em parte. Há temas da cidadania que devem ser tratados pelos pais, pois estão ligados a crenças, moralidade, etc. A sexualidade no que diz respeito a seu âmbito moral, social, afetivo e ideológico deve ser tratado pela família. Quando alguém liga a palavra prevenção apenas a doenças sexualmente transmissíveis e gravidez precoce, eu não concordo. Estas não são as únicas consequências danosas que om exercício do ato sexual, em certos contextos, podem trazer (falaremos disso num dos posts que se seguem).
  4. Se os pais não falam sobre sexo por timidez ou falta de tempo, o papel da escola é conscientiza-los sobre este papel ou assumir o lugar deles? Quer dizer que se descobrirem que crianças comem mal porque seus pais não têm tempo de ir comprar frutas e legumes e preferem comida processada, a escola vai fazer as compras para os pais?  Falo isso com propriedade. Um dia, na igreja, uma mãe me procurou aflita pois sua filha estava tendo conversas com um amigo de 14 anos pelo facebook relativas a sexo. O rapaz já a tinha convidado a passar em sua casa quando os pais de ambos estivessem ausentes. Ela me procurou aflita em busca do que fazer. Disse a ela que deveria conversar com a filha sobre o episodio, rever a presença dela nas redes sociais e suprir  as informações necessárias ao crescimento. Ela empalideceu e me disse que não tinha facilidade em tratar o tema. Sua mãe nunca o tinha feito e ela aprendeu com a vida. Queria que eu fizesse o seu papel! Expliquei para ela que poderia aconselhar sua filha, fornecer informações a ela como mãe e até providenciar uma palestra coletiva sobre o tema. No entanto, nunca poderia como igreja fazer o papel que era dela. Eu disse àquela mãe que se Deus pôs aquela bela garota em seu ventre, ela era a pessoa capaz de ajudá-la. Há coisas na maternidade que nos desafiam a lutar contra nossas limitações. Nem a escola, nem a igreja, nem ninguém deve substituir os pais. Graças a Deus creio que ela entendeu isso!!! Continuei disponível a ela pra ajudá-la a encontrar informações. O que não posso é fazer o seu papel.
  5. O que vejo a meu redor é uma escola muito preocupada em desconstruir formas de pensar e pouco preocupada em alfabetizar, apresentar leituras relevantes, desenvolver o talento que nossos filhos tenham. Professores que dão aula sem um planejamento prévio e usam a cidadania como desculpa para sua falta de preparo e tratam de temas relevantes a partir de achismo, de uma postura hedonista que constrói um altar ao sexo, e frases de efeito. Isto é uma forma de reproduzir uma péssima educação e não de dar vida e sentido a conteúdos.



É triste ver como não se dá importância a certas questões. Quem já viu, por exemplo, a escola tratando com os pais a erotização da infância e a relação disso com abusos sexuais? Ou outros temas na mesma linha? Poucos! A sexualidade é parte da vida humana, mas não é composta apenas do ato sexual. Ela é uma faceta da vida que deve ser incluída sim na educação das crianças mas de forma condizente com o desenvolvimento pessoal de cada um. Nada melhor do que incentivar os pais a introduzirem o assunto, em vez de antecipar o tema cada vez mais tirando dos pais o direito de terem as primeiras conversas com seus filhos que lhe permitam conhecer seu corpo, sua  sexualidade e posteriormente saberem do ponto de vista biológico, afetivo, moral e ético o que constitui a intimidade sexual. Esteja atento, não fique por fora da educação de seus filho.

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