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terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Princípios para educar filhos de maneira Cristocêntrica- Parte 2


Que a paz de Cristo abunde em todo e qualquer coração!

No texto anterior, introduzi alguns princípios importantes na sedimentação da fé de nossos filhos. Caso não tenhas lido o texto anterior, eu sugiro que o leias aqui pois lá estão dois princípios importantes de uma educação intencionalmente bíblica. Nele, falamos do principio do salvamento único e suficiente e da santificação. 

Hoje, proponho-me a apresentar cinco outros princípios norteadores de uma educação centrada em valores e princípios cristãos. Como qualquer mãe que ama ao Senhor e como resultado ama seus filhos, com um amor que vai além de instinto ou até mesmo de uma projeção de si mesmo neles, sei que temos a preocupação de sempre tentar examinar nossa jornada de acordo com a palavra de Deus. Nos últimos tempos, tenho sido levada a crer que quando entendemos os princípios divinos podemos aplica-los a diferentes situações e viver de acordo com eles. Isso se aplica ao modo como fazemos tudo, inclusive ao modo como educamos nossos filhos. 




3.O Principio da palavra abundante

Eu sei que esse tópico está perfeitamente enquadrado naquilo que falamos sobre o principio da santificação.Todavia, creio que cabe falar de forma especifica sobre ele.  O Princípio da palavra abundante foi assim nomeado porque ele me lembra o texto de Deuteronomios 6.6-9 que diz:
Essas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por testeiras entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas. 
Deus dá claras instruções ao seu povo de que a palavra dita por ele deveria estar presente em diversos contextos da vida do povo de Deus. O Senhor lista uma serie de situações cotidianas nas quais se deveria instruir o coração dos filhos. 

Muitas vezes cremos que levar os nossos filhos à igreja já lhes fornece o alimento necessário para crescer na graça e no conhecimento. Ás vezes, achamos que fazer o culto domestico é suficiente. Todavia, embora essas duas frentes de acompanhamento, crescimento e edificação sejam primordiais, a Bíblia deve ser a bússola e portanto estar presente em toda situação que carece de direção e principios norteadores. Muitas vezes como pais usamos as mais diversas e amoldadas ao mundo formas de interagir com nossos filhos e esquecemos que o parametro e guia de vida é a palavra de Deus. Portanto, é necessario que tenhamos a palavra no coração para que ela saia naturalmente nos momentos que exigirem respostas.  A palavra de Deus foi desenvolvida e inspirada pelo Espirito Santo para conduzir, guiar, instruir, consolar e encorajar nossos filhos de uma forma transformadora que conduz a uma vida sabia e abundante. Seu filho teve um dia difícil? Há um texto bíblico para isso. Está sendo perseguido por alguém? Há claras instruções sobre como Deus espera que ele haja e se sinta sobre isso. Tem sido preguiçoso e inconstante? Há textos bíblicos que podem corrigir sua conduta.
 Eu fui criada por pais cujo leme era a Bíblia. Meu pai gostava de estar ali para cortar o mal pela raíz. Minha mãe era a fiel jardineira que todo dia estava lá regando a semente com a palavra. Era dela o trabalho diário em nos conduzir pela palavra e nos levar a ver na oração um abrigo.

O grande problema  é que somos parte de uma geração de pais  em que a grande maioria põe a Bíblia á parte da vida cotidiana. o excesso de informações, a busca por mensagens de auto-ajuda, a grande propulsão de especialistas e vozes faz com que muitos pais deixem a Bíblia na sala para ser usada em momentos específicos. Todavia, um lar verdadeiramente cristão é um lugar onde ela abunda e está no coração, na mente e nos lábios de quem nele habita. Não estou a dizer que não podemos ter acesso a outro tipo de informação mas que a centralidade da palavra em nossas vidas como pais deve marcar também o nosso modo de educar. 

Creio também que é parte dessa tarefa, propiciarmos que nossos filhos leiam a Biblia e sejam edificados por ela. A Bíblia não é apenas um livro de histórias para contar antes de dormir. Se como mãe, assim a tratas, não entendestes o seu significado. Ela é a palavra viva e eficaz e apta para iluminar nosso coração. Nossos filhos devem não só serem introduzidos a historias bíblicas mas a todo o conteúdo das escrituras que foi inspirado para nossa edificação. Sim! Crianças devem crescer alicerçadas na são doutrina e não achar que a Bíblia é uma coletânea de histórias com lições morais.

4. O principio da graça e misericórdia

Em suas parábolas, Jesus conta uma história com a qual me pego vez por outra. Um homem tem uma divida com um rei implacável e exigente. Ele  pede clemencia e recebe benevolencia do rei. Na cena seguinte, ele procura o seu conservo que tem com ele uma divida muito menor e não tem misericórdia dele e o manda encerrar na prisão. o rei da parabola ao saber disso castiga o servo que não foi compassivo e não tratou com a mesma misericordia que recebeu.

Como crentes, nós encontramos em Cristo perdão e misericórdia. Até a correção do Senhor é cheia de amor, misericórdia e compaixão (Hb12.6, Pv 3:12). Diante de Deus, nós e nossos filhos temos uma semelhança: somos filhos de Deus ( se eles receberam a Cristo como salvador pessoal). Deus espera de nós que tratemos os nossos filhos da mesma forma  como ele nos trata. Tratarmos os nossos filhos sem perdão e misericórdia, lançando seus erros em rosto, fazendo-os crer que merecem apenas ser tratados de forma implacável sem compaixão e misericórdia é lança-los nas mãos do inimigo. O apostolo Paulo escrevendo aos crentes de Roma faz claras menções de que devemos considerar a bondade, tolerância e paciência de Deus para connosco (Rm 2.4,5; Rm 11.22). Deus é severo com o pecado mas até a sua disciplina busca nosso aperfeiçoamento e correção como filhos que somos (Hb 12. 6-11).  O castigo de Deus é cheio de amor e mesmo a sua severidade é amor reto e justo. Portanto, como pais devemos pontuar o erro, se necessário corrigir, disciplinar mas sempre oferecer ao arrependimento a misericórdia. Outro tipo de situação que creio que exemplifica o exercício da misericórdia com que fomos alcançados é quando nossos filhos confessam ou demonstram não conseguirem vencer a luta contra o pecado. Eu não sei se percebes esse tipo de situação mas eu a percebo como mãe no meu cotidiano e ela é recorrente. É um filho que parece não vencer a impulsividade, é outro que não consegue controlar a raiva, são tantas situações assim. Muitas vezes vejo que lhes custa. obviamente, que muitas vezes um " eu não consigo" pode vir cheio de autodefesa e vontade de não assumir responsabilidade pelas próprias ações, mas há momentos em que ha até um pedido sincero de desculpas, lágrimas de frustração consigo mesmo e o "mamãe, eu não consigo! Essa é a hora de pensar no Cristo faz quando me falta algo e eu vou a Jesus e confesso que não consigo sozinha. Então, a graça dEle me faz lembrar que não estou só e eu sou encorajada a lutar na oração, ser tratada pela palavra e mais uma vez lutar para corrigir minhas veredas. O apostolo Tiago até diz no primeiro capítulo que se não temos sabedoria podemos pedi-la a Deus numa oração com fé e confiança e ele acrescenta. Como ele acrescenta? Essa é a parte que mais ensina. A Bíblia diz que ele ajuda dando sabedoria e não lança em rosto, não diz: você aqui de  novo arrependida a pedir sabedoria? Eu creio que quando nossos filhos se arrependem e não conseguem lidar com o seu pecado, então, é hora de estendermos a mão e mostrar a nosso filho que vamos lutar por isso!
Uma outra coisa que a Bíblia diz é que a graça que se manifestou aos homens, não apenas trazendo salvação, mas ela também nos educa para que reneguemos as impiedades e paixões mundanas e vivamos, no presente século  de forma sensata, justa e piedosa, enquanto aguardamos a bendita esperança e a manifestação da gloria de Jesus (Ttv2.11-13, NVI). Como é maravilhoso saber que Deus escolhe manifestar a sua graça quando escolhe uma ferramenta para nos educar após o novo nascimento. A graça de Deus não apenas nos salva. Deus ainda trabalha em nós para que mudemos de vida.  Por que não dizer nossos filhos que vamos orar juntos por essa causa, que vamos tentar ajudar. Se é uma crise de raiva sem controle, mas onde já há arrependimento, que tal propor ao filho além de orar e tratar na palavra seu erro que venha ter connosco e peça ajuda com suas emoções quando não as conseguir gerir? Obviamente, se nosso filho não percebe o problema e não vê que isso desagrada  ao Senhor, temos outro problema que precisa ser corrigido com o quebrantamento da dura cerviz; mas se Deus não resiste ao coração contrito arrependido, quem sou eu para resistir? E se quem confessa e deixa alcança misericórdia, como eu posso não ser misericordiosa com um coração que dá claros sinais de arrependimento? 

5. O principio da compreensão do limite do filho

Este é um principio que aprendi com várias mães mais experimentadas que eu. Precisamos evitar levar nossos filhos à exaustão. Este princípio se alarga a diferentes contextos. No que diz respeito á educação, em geral, a Bíblia diz que não devemos provocar a ira dos nossos filhos. Eu entendo que provocamos nossos filhos e contribuímos para que se irem quando não respeitamos que eles são seres em formação. Nossos filhos têm limites e nós também. Devemos saber avaliar as diferentes situações das vidas de nossos filhos e pedir ao Senhor que nos ajude a saber dar com eles um passo por vez, por nós e por eles. 


6. O princípio da comunicação abundante

Creio que é bastante importante estabelecermos uma boa comunicação com nossos filhos. Quando nosso filhos falam, eles expressam seu coração. O coração humano é desconhecido ao homem e enganoso a nós mesmos. Só o Espirito de Deus pode sondá-lo por inteiro. As janelas do coração são as palavras e o comportamento (Pv20.11, Mt 12:34). Assim como contemplamos uma casa fechada por suas janelas abertas, o coração de nossos filhos se dá a conhecer por suas ações e palavras. Elas são as únicas formas com que podemos aceder ao coração. Quando fechamos a porta da comunicação com nossos filhos perdemos um importante acesso ao coração deles para instruí-los de forma focal e correta. A comunicação efetiva requer o ouvir e o falar. Como pais muitas vezes apenas discursamos, fazemos monólogos mas não ouvimos e consequentemente não nos comunicamos. Tenho aprendido, ao longo dos 12 anos em que sou mãe (ainda não tão experiente) que ouvir e observar é um exercício primordial, talvez mais importante do que falar. O apostolo Tiago nos diz que todo homem seja tardio para falar e para irar-se e pronto para ouvir (Tg1:19). Será que na maternidade abre-se uma exceção? Creio que não. Muitas vezes vejo que um sermão exasperado e descontrolado faz menos efeito instrutivo que uma fala assertiva e focal que endereça o que as palavras revelam sobre o coração. Nossos filhos não se conhecem por inteiro (por mais que sejam auto-conscientes), nós não os conhecemos por inteiro, apenas Deus os conhece por inteiro. O comportamento e as palavras revelam o coração e a comunicação é uma das portas de acesso. 
Sobre este tópico,  gostaria de ressaltar a necessidade de orar por autoridade na comunicação. A Bíblia diz que era impossível resistir a Jesus pois Ele falava com autoridade. Não era autoridade advinda de técnicas de retórica. Era a autoridade que o Espírito concede quando comunicamos sua palavra. Nossa vida exemplar, mesmo sendo falhos, também é fonte de autoridade. Os escribas e fariseus não tinham autoridade por que colocavam um fardo pesado sobre o povo mas eles mesmos não cumpriam. Devemos pedir ao Espírito que opere em nós e quando pecamos por dar mau exemplo a nossos filhos, devemos pedir-lhes perdão.

7. O principio da Observância dos frutos
No tópico anterior falamos sobre como a comunicação abre janelas para vislumbrarmos o que há no coração de nossos filhos. Uma outra forma é observarmos os frutos em formação. Jesus amaldiçoou uma figueira por não ter frutos. Alguns comentaristas afirmam que aquela não era uma época de figos mas já devia haver pequenos frutos em formação. As ações de nossos filhos também demonstram o coração. Jesus disse que quem está ligado a ele dá bons frutos (Jo 15). O resultado de uma vida em que a salvação recebida está sendo desenvolvida é o fruto. Comportamentos manifestam modo de pensar e o estado do coração. Por isso, devemos deter tempo em observar as atitudes de nossos filhos e observar se os frutos estão em formação . O fruto do espírito, o fruto da justiça, fruto de retidão, frutos dignos de arrependimento e todos os bons frutos que a Bíblia nomeia.
 Concluindo, gostaria de dizer que sem a ajuda de Deus, não é possível criar filhos contra a avalanche de degradação moral e espiritual que cerca nosso tempo. Creio que tudo começa por santificarmos a Cristo em nossos corações e fazer dele o centro da nossa vida.