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sábado, 17 de dezembro de 2016

Você, eu e João Batista… preparando o caminho para o salvador

 "Enviarei à tua frente o meu mensageiro;ele preparará o teu caminho. Voz do clama no deserto: preparem  o caminho para o Senhor, façam veredas retas para Ele". Marcos 1: 2-3


Escolhi abrir o post com o versículo que descreve a missão de João Batista porque ele me toca a alma. Já mencionei aqui no blog que sinto que a missão dos pais tem um pouco do que João Batista fazia: preparar o caminho para que o Salvador faça a obra. Não estou dizendo que Deus precise de mim e de você. Estou dizendo que, em seu plano infinito, Ele escolheu a você e a mim para anunciar  a salvação de Deus. Por isso creio que toda ocasião com nossos filhos deve ser revertida para o propósito com o qual fomos criadas.

Se o mundo fala de magia, nós falamos do Deus de milagres. Se falam da força dos sonhos, do pensamento positivo, nós falamos dos planos e projetos de Deus como guiando nossas vidas. Toda ocasião, a tempo e fora de tempo (II Tm 4.1,2), é uma ocasião que podemos usar para semear a boa semente no coração dos nossos filhos. Essa semana eu tive um exemplo concreto que mesmo quando eles são bem pequenos as nossas palavras não são jogadas no vácuo. Como eu quero compartilhar essa vivência que tive. 

Meu Benjamin já tem 6 anos. Quando ele tinha 4 anos, numa ocasião que lhe falei sobre Deus, fui interrogada por ele como eu sabia que tudo aquilo era verdade. Falei da minha fé, mas falei também de fatos, numa linguagem simples contei-lhe que o profeta Isaías, por exemplo, falou muito antes como Jesus seria e de tudo que sofreria. Abri com ele a Bíblia em Isaías 53 e fui explicando verso por verso. Falei de outros fatos e assim seguimos em frente. Semana passada, eu o vi repetir a informação. Assustada perguntei de onde ele tirou essa informação. Ele me respondeu: você me contou naquele dia quando perguntei se Deus era de verdade e como você sabia. Ali, na minha frente, estava constatado que as palavras de vida ficam gravadas. Eu sei que a fé do meu filho não pode ser firmada em fatos, apenas. Todavia, chamou a minha atenção o fato dele ter lembrado algo que lhe disse quando era ainda tão pequeno. Eu estou abrindo o caminho para o Salvador. Como João Batista, como a profetiza Ana, como Simeão, eu estou lá dizendo que há alguém mais forte, mais reto, justo e bom que quer passagem. Esse é o Salvador!!! Diante dEle não sou nada.

Estamos numa época do ano em que em nossa nação se usa o nome de Jesus de tantas formas… uns esperam dEle fama, riquezas, glorias e tantas outras coisas. Há os que lucram com seu nome, os que o usam como amuleto ou até como uma especie de ícone socialista, sem entender que sua missão na história é muito mais que repartir o pão entre todos. Ele veio para dar a vida, por mim, por você, por nós e por todos. Ele nos amou primeiro (I Jo 4:19) e morreu por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.3). Nós, como João Batista, temos o privilegio de superar a visão do menino na manjedoura como um pobrezinho e entender que ali morava a grandeza de alguém que escolheu vir. Ele não foi vitima das circunstancias. Ele escolheu vir e viver exatamente o que viveu.  Por isso, todo dia, numa sala de uma casa, numa cozinha, numa cama antes de dormir, numa mesa, há uma mãe convicta que a missão de João continua viva! Sim, nós dizemos para os pequeninos: Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! Há Alguém maior que eu, de quem não sou digna de desatar as sandálias. Dizemos: não olhe para a mamãe, olhe para Ele! Também, esperamos com alegria, não o dia em que o mundo nos reconhecerá como boas mães, mas o dia em que o Salvador vai entrar naquela vida pequenina e fazer dela morada.

Digo isso, com lágrimas nos olhos, e não espero que o mundo reconheça e entenda isso. Como João, muitas mães e eu parecemos malucas, fora do sistema, que escolheram viver na aridez do deserto! Há alguns dias fui questionada, por pessoas amorosas, porque faço o que faço. Ah, como examinei meu coração. Como o abri diante do Senhor em oração.  Não quero servir pelas razões erradas. Alguém me perguntou  o que farei quando meus filhos crescerem, me disse que desperdicei minha carreira acadêmica. Em outra ocasião fui interrogada por que fazia determinada coisa trabalhosa e para muitos enfadonha. Pedi a Deus que me sondasse. Perguntei a Ele se as minhas razões eram as dEle. Lendo minha Bíblia, eu encontrei a paz que sempre encontro, aquela paz que corta o silêncio da madrugada e enche o espaço da presença do rei da manjedoura. Eu não faço por mim, não faço por eles. É que, com todos os meus defeitos, precisando me dobrar  e corrigir a cada dia, eu fui feita pra isso. Eu e muitas outras mães, cada uma da sua forma e jeito entendemos nossa missão. Fomos chamadas para aplainar o caminho para o Salvador na vida de pequeninos. O Deus que poderia fazer tudo sozinho decidiu nos chamar.

Estamos esperando, exultantes quão Simão e Ana. Não esperamos como eles,  pegar Deus encarnado nos braços. Esperamos que o salvador more nas vidinhas pequenas e frágeis, mas igualmente marcadas pela mesma necessidade do Salvador que as ama. Eu sinto que como João fui designada e moldada para uma missão. A despeito da minha carne, que quer ser reconhecida, que quer algo em troca, em meu peito algo sussurra: Não, não é por você! Que Ele cresça, que você diminua. Isso até o dia em que Ele seja tão evidente na vida dos nossos pequenos que possamos dizer: Eis na vida de Benjamin, de Beatriz, de João, de Maria  o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo! Quando eles crescerem e a presença dEle seja evidente e o Espirito Santo testemunhar que há algo sobrenatural acontecendo, aos poucos, você e eu desapareceremos, seremos cada vez mais desnecessárias. Então…oh, então, você e eu podemos responder a tão aguda pergunta:  o que farei quando eles crescerem? Se outros pequeninos não existirem em nosso lar (não sou Deus para saber o amanhã),  eu continuarei a ser uma voz no deserto e o que quer que faça não poderá apagar o propósito com que fui criada: apontar para Ele! Apontar para o Salvador que tira o pecado do mundo.

Só entende as palavras escondidas no parágrafo anterior quem entende que uma mãe que abraça essa missão não faz dos seus filhos o centro da sua vida. Ela foi chamada para preparar o caminho do Salvador. Ela só cumpre sua missão. Sua vida não é entregue aos seus filhos. É entregue ao Salvador através deles. Eles são nosso campo de trabalho e amor e são também o instrumento de santificação em nossas vidas. É só isso, nada mais. Como João, todas nós não estamos aqui para ser vistas, estamos aqui para anuncia-lo e apontar para Ele. Nada mais. Nada mais…

Vivamos o natal assim! Que não seja sobre você nem sobre mim! Que em cada gesto para tornar nosso lar uma atmosfera agradável, para contar sobre Jesus e seu advento aos pequeninos, para tocar um coração com um bolo, um brinde, um gesto, o Salvador seja visto. Não apenas nesse dia, essa é a nossa missão. Fomos feitas para ela, mesmo que sejamos vistas como mulheres perdidas no deserto, comeremos mel silvestre (mas é mel!!!) e anunciaremos o Cordeiro de Deus, o único capaz de tirar o pecado do mundo.

Feliz Natal minhas queridas! Que a gloria  do Salvador nos cubra. Só uma mulher que se preenche em Cristo a cada dia pode como João Batista lutar contra o sistema e entender que há um propósito maior do que eu e o Salvador nos designou para Ele. A Ele a gloria, hoje e sempre em nós que somos sua igreja.